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Ministério da Censura

29 de setembro de 2010

Aqui no Brasil, alguns já devem ter reparado, mas não temos jogos na Apple Store, nem na PSN e muitas outras lojas online. Além disso o Brasil é banido de alguns concursos de criação de jogos. Qual o motivo disso?

O motivo, é o Ministério da Censura. Na época da ditadura militar, ele era legalizado, e quando a ditadura acabou, foi escrito na constituição que censura era proibido e que agora existe liberdade de expressão. Exceto, que o Ministério da Censura continua existindo, legalmente, com força de lei.

Que ministério misterioso é esse? Na verdade, ele tem o nome de Ministério da Justiça (que como muitos sabem, é algo que não existe no Brasil), e ele tem o poder, mesmo que diga o contrário, de decidir quais jogos podem ser vendidos, e para quem.

Não creio que é coincidência, e muitos vão me criticar por escrever isso em época de eleições, mas a censura existe desde 14 de julho de 2006, quando foi publicado a portaria 1.100/2006, ou seja, isso foi no governo Lula, e quem “explica” sobre o significado da portaria (como se fosse algo bom) no portal do Ministério da Justiça é Romeu Tuma Junior, e é sabido que Lula é amigo de Romeu Tuma, mas voltando ao assunto…

O que a portaria 1.100/2006 diz EXATAMENTE?

Art. 3º O Ministério da Justiça realizará diretamente a classificação indicativa das seguintes diversões públicas:
I – cinema, vídeo, dvd e congêneres;
II – jogos eletrônicos e de interpretação (RPG).

Ou seja, começando aqui no artigo terceiro, está escrito que o ministério da justiça é o responsável por fazer “classificação indicativa” de vídeo, jogos eletrônicos, e jogos de RPG (não creio que isso seja coincidência com meu artigo anterior), ou seja, esses são já “especiais” de alguma forma para o governo.

Agora, o que é “classificação indicativa” ?

Art. 1º O processo de Classificação Indicativa, disciplinado nos termos desta Portaria, integra o sistema de garantias dos direitos da criança e do adolescente, composto por órgãos públicos e organizações da sociedade civil, destinado a promover, a defender e a controlar a efetivação do direito de acesso a diversões públicas adequadas à condição peculiar de desenvolvimento de crianças e adolescentes.

Art. 2º A Classificação Indicativa possui natureza informativa e pedagógica, voltadas para a promoção dos interesses de crianças e adolescentes, devendo ser exercida de forma democrática, possibilitando que todos os destinatários da recomendação possam participar na condição de interessados do processo de Classificação Indicativa e, de modo objetivo, ensejando que a contradição de interesses e argumentos promovam a correção e o controle social dos atos praticados.

Bom, no meio desse texto todo, aparentemente inofensivo, está escrito que a classificação indicativa, é a classificação se o jogo ou vídeo causa problemas ou não ao desenvolvimento normal de crianças e adolescentes. Primeiro que isso ja é um problema, significa que jogos são considerados pelo governo como “nocivos”, ou seja, estão no mesmo nível que cigarro, bebida e pornografia. Além disso, como dito no artigo que coloquei a referencia a pouco, não existem PROVAS CIENTÍFICAS ainda, de que jogos e filmes podem atrapalhar o desenvolvimento de crianças e adolescentes.

Agora porque eu disse que o texto é aparentemente inofensivo? É porque o texto diz sobre o processo ser democrático, direitos, e que é apenas informativo… Exceto por uma palavra: Controlar ou seja, o governo escreveu um documento onde ele mesmo tem o direito de controlar, o que menores de 18 anos podem ver ou não. Mas isso ainda não é claro, vamos estudar mais a portaria:

Art. 13. Sob pena de constituir infração tipificada nos arts. 252 e 253 do Estatuto da Criança e Adolescente, compete aos produtores, distribuidores, exibidores ou responsáveis por diversões públicas, anunciar e afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do estabelecimento, informação destacada sobre a natureza da diversão e sobre a faixa etária para a qual não se recomende.
Parágrafo único. As informações de que trata o caput deste artigo deverão ser produzidas, fornecidas e veiculadas de acordo com os parâmetros estabelecidos no Manual de Classificação Indicativa.

Esse artigo, basicamente diz que se o produto não passar pelo crivo do ministério (pois essa é a única forma, de acordo com o artigo 3, de ter classificação), os produtores (ou seja, quem fez o jogo ou filme), e outras pessoas, podem infringir os artigos 252 e 253 do Estatudo da Criança e Adolescente. Copiando somente a pena, escrito nesses artigos:

Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

O salário de referência atual é de 510 reais, portanto a multa para o primeiro jogo publicado (nota, não vou explicar agora, mas mesmo de graça, o jogo ainda é considerado publicado… essa lei se aplica a QUALQUER jogo disponível para o público) é de até 10.200,00 reais, e esse valor duplica em reincidência.

Ou seja, não passar pelo ministério da justiça resulta em uma multa…
Então é só passar pelo ministério da justiça para poder vender o jogo, certo?

Errado…

Art. 10. Da decisão que indeferir ou deferir de forma diversa o requerimento de classificação de diversão pública, cabe pedido de reconsideração ao Diretor do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação, que o decidirá no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 1º O pedido de que trata o caput será instruído mediante a reapresentação da respectiva diversão pública, com apresentação de novos fundamentos.
§ 2º Mantida a decisão, o Diretor do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação submeterá o pedido ao Secretário Nacional de Justiça, que apreciará o recurso no prazo de 30 (trinta).

A palavra “indeferir” significa recusar, ou seja, se existe um mecanismo para pedir reconsideração de pedidos recusados, significa que pedidos de classificação podem ser recusados… Ou seja, se o Ministério da Justiça quiser, ele pode recusar classificar seu jogo. O que significa não ser classificado? Significa, que você não tem como “exibir a classificação indicativa” como o artigo 13 pede, ou seja, seu jogo é BANIDO do país.

Ou seja, até agora já temos os fatos: O governo considera jogos, e RPG como algo nocivo, no mesmo nível que pornografia. O governo pode BANIR seu jogo do país. E você é OBRIGADO a passar pelo ministério da censura, que define se seu o conteúdo do seu jogo está de acordo com o que eles querem.

Mas fica pior… porque mesmo que seu jogo passe, ele pode pegar classificação de 18 anos, e apesar de a própria portaria dizer que a classificação é indicativa, temos:

Art. 19. Cabe aos pais ou responsáveis autorizar o acesso de suas crianças e/ou adolescentes a diversão ou espetáculo cuja classificação indicativa seja superior a faixa etária destes, porém inferior a 18 (dezoito) anos, desde que acompanhadas por eles ou terceiros expressamente autorizados.
§ 1º A autorização de que trata o caput deste artigo, expedida pelos pais ou responsáveis legais, deverá ser retida no estabelecimento de exibição, locação ou venda de diversão pública regulada por esta Portaria.
§ 2º Na autorização, que poderá ser manuscrita, de forma legível, constarão os seguintes elementos essenciais:
I – identificação completa:
a) dos pais ou responsáveis;
b) da criança ou adolescente autorizado; e
c) do terceiro maior e capaz autorizado a acompanhar e permanecer junto à criança ou adolescente;
II – menção expressa:
a) ao nome da diversão pública para a qual se destina a autorização; e
b) do local e data onde será acessada ou exibida;
III – a descrição do “tema” e das inadequações de conteúdo da diversão pública, identificados na Classificação Indicativa;
IV – data e assinatura dos pais ou responsáveis.

Ou seja, se a classificação é exatamente de 18 anos, não importa o que os pais digam, o filho deles não pode ter acesso ao conteúdo, isso significa que o governo manda mais que os país na hora de decidir se os filhos podem ou não ter acesso a alguma coisa.

Como alguns sabem, meu jogo apesar de não estar pronto, ja está disponível pelo público, e tem um trailer, então essa parte me interessa:

Art. 17. O trailer, chamada e/ou congênere referentes a diversões públicas poderá ter classificação independente, obedecendo ao disposto no artigo anterior desta Portaria, desde que veicule a classificação do produto principal.
§ 1° Ao trailer, chamada e/ou congênere classificado de forma independente aplica-se, no que couber, o disposto no art. 15 e parágrafo único, desta Portaria.
§ 2° Nos casos em que o produto principal ainda não tenha sido classificado, o trailer, chamada ou congênere deve veicular, na forma prescrita nesta Portaria, a seguinte frase: VERIFIQUE A CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA.

Agora se assistirem meu trailer vão reparar que em nenhum lugar eu fiz o que a lei manda, pois meu jogo não é classificado, então posso dizer que estou com o cu na mão, pois eu posso a qualquer momento ser multado…

Ai me perguntam: Porque você não seguiu a lei? Porque seu jogo não é classificado?

Porque eu não tenho dinheiro para pagar taxas, nem advogados, etc… Muito menos tempo para passar pela burocracia maluca (se você fizer download do “fluxograma” vai ver que ele tem uns 50 passos ou algo assim).

Tem gente que depois de ler isso tudo, vai dizer que eu sou louco, e que isso não é censura… Será mesmo?

O Brasil, a Coréia do Sul, Austrália e China, são os únicos países com lei do tipo, e e não por acaso os países com a maior quantidade de jogos banidos (alías, dos 4 países, a China é o que tem MENOS jogos banidos, apesar de na China censura ser algo totalmente oficial).

Em todos esses países é óbvio os efeitos dessa lei: Primeiro, que apenas jogos de empresas enormes são autorizados, eu tive a paciência de baixar a lista de jogos autorizados, e ir ler no Diário Oficial da União, quem fez os pedidos, a maior parte foi feito pela Eletronic Arts, ou pela Synergex, ambas empresas são ENORMES e especializadas no ramo de publicar jogos.

Segundo, isso tem o efeito de calar a voz, e suprimir a influência na cultura, dos desenvolvedores menores, ou de indivíduos (para você pagar a taxa, é necessário colocar um CNPJ no login da página… ou seja, sem empresa não é possível pagar a taxa).

Terceiro, isso destrói a criatividade em geral, o caso mais óbvio foi o da Coréia do Sul, onde sites de RPG Maker, Game Maker e etc fecharam para cumprir a lei. Isso só não ocorre no Brasil, porque ignoramos a lei (como eu estou fazendo atualmente).

Quarto, isso abre precedente para o governo ir aumentando a censura, os jogos por exemplo não eram censurados antes, o documento de 2006 na verdade é uma atualização de um documento anterior, onde era classificado apenas programas de TV.

Quinto, está claro, especialmente no exterior, que jogos tem sim poder político, Obama fez propaganda em outdoors no Burnout Paradise, alguns políticos fazem advergames…

Sexto, uma prova concreta dos problemas da lei, é notícias como esta: http://jogos.uol.com.br/ultnot/multi/2010/08/31/ult530u8134.jhtm Coisa que eu já sabia antes, pois eu não pude jogar meus próprios jogos quando trabalhei em uma empresa de jogos de iPhone.

O que podemos fazer?

Primeiro, podemos votar em quem acreditamos que vai resolver o problema, na europa o partido que está ganhando popularidade com isso é o PV.
Segundo, temos que pedir para o pessoas de outras mídias, nos ajudarem, como os filmes que estão na mesma lei, ou jornais (em um caso também óbvio de censura, quando Sarney saiu mostrando sua corrupção, um Juiz baniu o jornal Estado de São Paulo, de falar do filho de Sarney…)
Terceiro, temos que mostrar para a maior quantidade de pessoas, que isso as afeta, mesmo que elas não joguem ou assistam filmes, apesar da aparência que isso é apenas problema de quem quer comprar jogos na Apple Store ou na PSN, coisas disponível óbviamente apenas para os ricos, esse comportamento do governo também corrói a cultura e a voz do povo em geral.
Quarto, não sei… :/ Mas achei que escrever esse documento seria um ótimo passo.

26 Comentários leave one →
  1. Rogerio Ferreira permalink
    29 de setembro de 2010 6:46 pm

    Isso só demonstra ainda mais a falsa democracia e falsa Liberdade de Expressão, Vamos lá todo mundo votar na Marina

  2. originalspeeder permalink*
    29 de setembro de 2010 6:52 pm

    Eu vou pessoalmente votar na Marina, mas não foi por isso que fiz o post, eu fiz o post depois de ver um desenvolverdor no Orkut indignado com o fato que brasileiros foram banidos de alguns concursos de jogos, por causa da referida portaria no artigo.

  3. originalspeeder permalink*
    29 de setembro de 2010 6:53 pm

    Poxa, muito chato não ter Disqus no WordPress.com :/ É tão legal!

  4. 29 de setembro de 2010 7:30 pm

    Eu já sabia de algumas dessas coisas, mas nunca tinha pesquisado tanto a respeito.

    Fico pensando… no exterior uma dupla de amigos pode fazer muito dinheiro ao fazer um jogo e vender na parte indie do XBOX360, mas uma dupla de brasileiros não consegue lançar jogos independentes por aqui… os poucos que o fizeram, lançaram diretamente no exterior.

    Ou seja, tristeza =/

  5. originalspeeder permalink*
    29 de setembro de 2010 7:34 pm

    Sim, funciona assim mesmo 😦

    Eu quando fazia jogo de iPhone, só podia lançar no exterior, ou colocar em outras categorias da APP store e torcer para não ser deletado…

    Se tu ler lá no artigo do Uol, vai ver que tem gente que coloca o jogo até na categoria música…

  6. Kei permalink
    30 de setembro de 2010 2:27 am

    O problema maior de lançar jogo indie aqui não é a censura. É a falta de interesse do público brasileiro em geral neste tipo de jogo. Enquanto o mundo está olhando para os indies, o Brasil olha para triple A. É simples assim.

  7. originalspeeder permalink*
    30 de setembro de 2010 3:35 am

    Mas isso é em qualquer lugar… Se somar todas as vendas de Indie no exterior, ainda não chega nas vendas de AAA… pelo menos não em faturamento. (e sem contar flash, facebook, etc…)

    Mas se a lei censura os jogos indies (enquanto os AAA conseguem entrar oficialmente no mercado) ela só piora a situação, pois assim o público comum só vê jogos AAA, e nunca vai ver um indie na prateleira (e nas lojas online… exceto o Steam, que ignora a lei)

  8. 30 de setembro de 2010 10:36 am

    Classificação indicativa é uma ferramenta fundamental para os jogos. Tem caráter informativo e não é censura.

    É direito de um pai saber que tipo de conteúdo encontrará dentro de um jogo, antes de comprá-lo, e decidir se quer ou não fornecê-lo ao seu filho.

    É dever do governo: punir jogos que não forneçam essa classificação; fazer a classificação, orientando as produtoras sobre como foi feita e porque o jogo se enquadrou em certo critério; e punir lojas que vendam jogos para quem está fora da classificação, sem autorização de um responsável.

    Esse tipo de mecanismo existe até mesmo no EUA, e é considerado uma peça chave no mercado de jogos, como você pode ver no link do gamasutra: http://www.gamasutra.com/view/feature/1970/this_game_is_not_yet_rated_inside_.php

    O que realmente é censura é o que fizeram com alguns jogos no Brasil, onde foram sumariamente proibidos de entrar em lojas, com ou sem a existência da classificação. Se o governo considera um jogo adulto, ele que o classifique como tal, e exija que os lojista só os vendam para maiores.

    Agora, dizer que eu, com mais de 30 anos na cara, não posso comprar um jogo, mesmo conhecendo seu conteúdo, isso sim, é censura e abuso de poder.

  9. originalspeeder permalink*
    30 de setembro de 2010 1:51 pm

    Primeiro, o ESRB, não é obrigatório pelo governo estadunidense, segundo que quem decide o que é válido ou não, também não é o governo de lá.

    Como eu disse, é censura SIM, porque o governo tem o poder de RECUSAR a “informação” e banir de facto seu jogo. E o processo é CARO, somente quem tem DINHEIRO pode publicar um jogo localmente, isso também é censura, pois somente os jogos AAA acabam entrando aqui, e também é censura, porque o governo não tem velocidade o suficiente para analizer TODOS os jogos que são criados por ano, então mesmo que fosse de graça, o governo nunca poderia por exemplo classificar TODOS os jogos na Apple Store, o que significa que você não pode comprar jogos na Apple Store… NUNCA.

    Mas mesmo que o governo arrumasse esses defeitos, ainda seria errado, o governo não deveria ter direito de escolher o que é nocivo ou não no lugar dos pais, sim eu concordo que a indicação é útil, e não teria problema o governo se oferever para faze-la, mas exigir uma indicação governamental, e proibir menores de comprar mesmo com autorização dos país, é um abuso de poder, é um comportamento de estado “paternalista” e “babá” que não confia no povo, acha que o povo é burro, e portanto tem o direito de agir como os pais deveriam.

    E exigir que o logista só vendam para maior, é o tipo de exigência que só funcionaria se tivesse uma punição, e se tiver punição, nenhum logista vai colocar o jogo na loja, pois ele correria o risco de processos errôneos (no caso por exemplo de um funcionário resolver vender mesmo sendo contra as regras da loja), o que significaria que todos os jogos 18 anos seriam banidos das lojas.

    Você ficaria feliz, se você entrasse em loja de jogos em shopping, e os únicos jogos disponíveis forem jogos de criancinha?

    E tudo isso estou dizendo, pois isso já aconteceu, não aqui, mas na Califórnia, onde fizeram uma lei igual a nossa, + a parte de que os lojistas são punidos por vender jogos de 17 anos para menores, os lojistas simplesmente tiraram TODOS os jogos 17 e 18 anos das prateleiras, até a lei ser suspensa por ser inconstitucional (por violar a liberdade de expressão).

    Eu sei que é difícil entender o que há de tão ruim em uma lei de “indicação”, mas é o simples fato que demos poder para o governo decidir coisas que são intrísicamente culturais (tem países que acham que crianças podem ver sexo sem problemas, e nenhuma criança saiu afetada de lá… será mesmo que crianças não podem ver sexo? e violência? crianças são em escola mais violentas que muitas pessoas, será que um rapaz de 14 anos jogando GTA San Andreas fica “afetado”?). O governo NUNCA deve ter o poder de decidir se alguma forma de expressão é válida ou não para algum segmento da população, pois isso permite que o governo aumente eventualmente a censura.

    Um argumento que governos com censura pesada usam, é que censura é para própria proteção do público. O mesmo vale para outras liberdades violadas.

    Agora uma pergunta direta para você, que creio que já fez alguns jogos:

    Você está confortável com o fato, de que você NÃO PODE dar nem de graça seus jogos aqui, a não ser que pague um bom dinheiro para o governo, que pode pegar seu dinheiro e não deixar mesmo assim?

  10. 30 de setembro de 2010 2:41 pm

    Concordo com você em diversos aspectos: que é caro, que o processo é lento, que está abragente demais. E com todos esses OUTROS PROBLEMAS citados.

    Mas não acho que o correto seja abolir o mecanismo de classificação. Os jogos devem, sim, contar indicações claras do seu conteúdo, se forem vendidos para menores. Essa indicação deve mesmo ser visível, obrigatória e com critérios regulamentados e objetivos, que indiquem claramente como ela foi feita.

    Também sou partidário do governo minimalista. Ou seja, ele deve regular, mas não fazer ele mesmo a classificação. E sim, contar com institutos para isso (como o próprio ESRB), ou dar subsídios para que um desenvolvedor independente classifique, ele mesmo, o seu jogo (e sofrer as conseqüências caso faça isso de forma leviana).

  11. originalspeeder permalink*
    30 de setembro de 2010 2:44 pm

    Ai sim eu concordo, mas não acho que deva existir punição, isso levaria as pessoas a um tipo de auto-censura por medo do governo, onde elas simplesmente iriam aumentar a classificação, ou fazer conteúdo sempre mais simples, na esperança de não serem processados do nada.

  12. 30 de setembro de 2010 2:53 pm

    Sim, mas ponha-se do outro lado da coisa. Você é um pai, não entende muito de video-games. Pega um game de aparência inovensiva, classificado para crianças.

    Mas o desenvolvedor, mal intencionado faz um verdadeiro “Happy Tree Friends”. O jogo é cheio de violência e tem várias partes de conotação sexual, que não estavam indicadas na caixa e nem na classificação.

    Você só percebe quando vê seu filho já jogando o jogo. Você realmente acha que o desenvolvedor deva ficar sem punição?

    O mecanismo oficial seria o caminho “seguro”, mas caro. Classificar por conta seria um caminho mais arriscado. A multa deveria variar para desde um pedido de reclassificação, até uma punição drástica. Classificar errado por má fé é propaganda enganosa.

  13. originalspeeder permalink*
    30 de setembro de 2010 3:05 pm

    Mas num caso extremo desse, nada impede um processo por propaganda enganosa, isso já existe na lei.

  14. originalspeeder permalink*
    30 de setembro de 2010 3:06 pm

    Não é atoa, que até desenho na embalagem as pessoas escrevem que é “meramente ilustrativo”

  15. Henrique Oelze permalink
    1 de outubro de 2010 11:32 am

    Nossa, sou estudante e tenho muito interesse na área de produção de jogos, ate tendo projetos de jogos casuais em adanmento e etc, mas não sabia dessa burocracia toda mesmo (sabe quando nunca paramos para pensar no assunto.), e admito, apos ler isso estou completamente indignado com os termos citados, e gera ate um pouco de desanimo em pensar no mercado nacional como algo promissor (visão que tinha para os proximos anos, com consumidores em potencial e jogos nacionais começando a hganhar espaço).
    Esta questão deveria realemnte ser reestudada pelo governo, pois fica claro a dificuldade de lançamento de jogos por aqui. Acredito sim na importancia da classificação indicativa, como citado acima, para os pais terem conhecimento do possivel conteudo e talz, e acho interessante o próprio desenvolvedor a fazer sendo cabivel punição por propagando enganosa. A questão a meu ver neste caso é de interesse politico em mantar controle sobre tudo de nossa sociedade, de ter acesso a tudo que nos é passado (puro abuso de poder). Até então não via solução para tal caso, mas independente do governo, alguns projetos como o jogo justo, ficha limpa e mai (de ambito social) estão começando a ganhar visibilidade no país, graças a massa da população que começou a falar o que acha, e é como o speeder disse: juntos, produtores de jogos, jornais, revistas, cinema e mais, temos de criar formas de mostrar a todos a importancia de rever essas leis, para beneficio da populção em geral.

  16. 1 de outubro de 2010 1:22 pm

    É pessoal. E o duro é que tudo aponta que nossa futura presidente será a Dilma Roussef.

    Com um governo de inclinação fortemente comunista, que apóa regimes ditadores como o de Cuba, e critica a impensa, você acha que isso tende a aumentar ou diminuir?

  17. originalspeeder permalink*
    1 de outubro de 2010 1:45 pm

    @Vini Porque você acha que fiz questão de lembrar que a portaria foi escrita durante o governo Lula e que a pessoa que explica a portaria na página do ministério é o Romeu Tuma Junior? (que alías está concorrendo para senador…)

    Mas sabe, eu acho que é por causa de coisas como essa, que o mercado está enrolado, e acontece isso: http://jogos.uol.com.br/ultnot/multi/2010/09/30/ult530u8344.jhtm

  18. Keko permalink
    26 de novembro de 2010 6:00 am

    cara, não sei pq vcs querem desenvolver jogos aqui no brasil… brasileiro quer tudo de graça e com o mínimo esforço!!! brasileiro só quer jogar PES e GTA falso… pensa bem… suponha um jogo de 20 dolares, agora imagina se a distribuidora vendesse esse jogo por esse preço aqui no brasil, isso ia dar uns 35 reais (usando a cotação atual). Agora me diz, qm paga 35 Reais em um jogo?? mesmo você falando que é original, vem numa caixinha, com manual, etc. etc. etc. ninguem paga isso aqui!! a pirataria vence sempre!!! brasileiro é tarado em coisa PIRATA!! infelizmente, ninguem vai comprar jogo original (eu sei que meia duzia aí vai falar que comprava, mas a grande massa não vai). isso funciona para tudo aqui… jogo de celular, jogo de iphone, jogo de xbox, ps, wii, pc… não adianta… o pirata sempre vai reinar aqui! pra vc ter noção de como brasileiro gosta de pirata, outro dia eu ví na casa de um amigo meu um cd do AVG FREE!!! ele comprou por 10 reais um CD de um programa FREE!!! me diz se um país desse vai para frente??
    não adianta parceiro… vai lançar jogo aqui para ninguem comprar… todomundo dá um jeito e usa um piratão…
    para vocês aí, afim de desenvolver jogos… lancem ele no exterior… mudem para lá, sei lá cara… aqui… não rola… e mesmo se rolasse… tem a mentalidade pirateadora brasileira!!

  19. 26 de novembro de 2010 8:41 am

    Keko, tenho que discordar de você.

    Em primeiro lugar, porque venda de jogos em caixinha não é a única forma de comercialização. Talvez nem sequer seja a melhor, no caso do nosso mercado.

    O fato é que a Level Up Games não parece estar insatisfeita com a forma de comercialização de seus jogos, como é o caso de Perfect World. Por lá, você joga o jogo gratuitamente, mas pode adquirir itens pagos. Sei de jogadores que gastam mais de R$300,00 por mês nesse tipo de modalidade.

    Temos também muitos jogadores que já estão comprando via steam, somos uma das maiores bases de pagantes do Club Penguim no mundo.

    Somos também um mercado representativo em games para celular.

    O mercado do PC reduziu muito as taxas da pirataria, ao abaixar preços.

    Muita gente paga, sim, R$30,00 num jogo que gosta. Assim como compra um CD que gosta, ou o DVD (e bonequinhos) de um filme que gosta.

  20. originalspeeder permalink*
    26 de novembro de 2010 9:00 am

    Bom, o VinyGodoy já deu uma boa resposta, mas acontece o seguinte: Se eu tratar todos os meus consumidores como culpados antes que se prove o contrário, eu com certeza não vou vender nada.

    Pode ser que vender no Brasil não venda tanto que nem vende no Japão, mas alguma venda melhor que 0 vendas 😉

  21. Vinicius permalink
    26 de dezembro de 2010 8:39 pm

    Muito bom o artigo. Foi um tempo bem aproveitado!

  22. originalspeeder permalink*
    26 de dezembro de 2010 8:41 pm

    Opa, Obrigado 😀

  23. deoene permalink
    24 de janeiro de 2011 2:14 pm

    que absurdo!
    quando um adolescente compra uma playboy pra ficar se … o dia inteiro falam:”ah,eh normal para o desenvolvimento”!!!
    pq nao dizer a mesma coisa dos jogos?
    tipo,eu assisto DBZ desde os 2 anos de idade e isso nao alterou em nada no meu comportamento ou sei la…
    abraco speeder
    e desculpa por ta comentando tanto ok?
    fica com Deus
    (mas ainda to irritado!)

  24. originalspeeder permalink*
    24 de janeiro de 2011 2:23 pm

    Pode comentar a vontade, a área de comentários serve para ser comentada!

    Se todo mundo comentasse como você eu estaria muito feliz… eu acho muito chato cuidar de blog que ninguém comenta :/

  25. deoene permalink
    1 de fevereiro de 2011 8:11 pm

    e ai amigo(desculpa a intimidade)
    eu tava lendo umas revistas antigas e vi um artigo muito interessante sobre games na revista epoca do dia 29 de maio de 2006 e achei que vc devia procurar ler pq vc vai gostar bastante!
    tem uma parte que fala do mmorpg ragnarok,frases de will wright,o jogo online second life emfin…
    vc tambem vai ver que nessa epoca(2006)um smartphone desses que eu tenho(inclusive to escrevendo isso com ele)e acredito que vc tem tambem custava 1500 reais!mais caro do que um notebook de primeira linha hoje em dia!
    e eh isso ai se gostar,coloque no seu blog
    mas cuidado senao aquela garota que diz que vc imita o sloper vai encher o saco mais ainda ne?
    hehe
    abraco
    fica com Deus!

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